segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Precisamos falar sobre voleibol

As coisas são curiosas. O futebol é um esporte cuja etimologia vem do inglês football, e "foot" quer dizer "pé". Correndo o risco de incorrer em um truísmo, é preciso dizer que futebol se joga com os pés. E, insistindo nas platitudes, parece necessário dizer ainda que, em um lance de futebol, meter a mão na bola caracteriza uma infração, foul, uma falta. Encerrando as trivialidades, uma outra informação importante: quando a falta é realizada dentro da própria área, durante uma jogada de ataque do time adversário, isso no geral acarreta um penalty, pênalti.

São regras básicas do futebol com cuja enumeração aqui corro o risco de entediar os meus leitores. Essa revisão meio pré-escolar, no entanto, parece necessária diante de um lance ocorrido ontem na Arena Palmeiras. O jogo entre Sport e Palmeiras estava ainda em 0 x 0. Eram os meados do primeiro tempo quando o Leão avançou. Com perigo, com determinação, senhor de si como vinha fazendo em todo o jogo. Porque esta é a verdade: neste último domingo, à tarde, o elenco rubro-negro estava -- enfim -- mostrando um futebol compatível com o sagrado manto leonino. Diante do líder do Brasileirão, o Sport estava jogando com verdadeira majestade. Mas voltemos ao primeiro tempo. Escanteio para o Sport: um escanteio épico, milimétrico, fatal, um verdadeiro escanteio de capa-de-revista. No meio da trajetória, no entanto, a bola é interceptada: Yerry Mina mete a mão nela e corta, assim, o ataque do Sport. Dezoito milhões de rubro-negros se levantaram para protestar. O juiz não viu ou por outra, fez que não viu; ou pior, viu, mostrou que viu e mandou o jogo seguir. O Palmeiras contra-atacou sobre as reclamações do elenco do Sport; e diante de um time perplexo furou a rede de Magrão.



Coloquemos as coisas em seus devidos lugares. "Meter a mão" não é aqui mera figura de linguagem: o jogador palmeirense levantou completamente o braço, mão esticada, como se fizesse um Heil Hitler macabro, como se fosse um líbero do voleibol entrando no fundo do campo apenas para interceptar a bola rubro-negra.

Há algumas coisas que acontecem dentro das quatro linhas que não são muito comentadas; é como se fosse um submundo do futebol, um lado sombrio que todo mundo conhece mas sobre o qual há um acordo tácito de silêncio. Bem, é preciso quebrar esse tabu. Precisamos falar sobre voleibol.

Malgrado o que diga certa ideologia de gênero esportivo, o jogador não é livre para ser o que ele quiser. Ele não pode ser um centroavante na hora de cobrar o pênalti, um judoca quando for derrubar o atacante adversário e um jogador de voleibol na hora de interceptar o cruzamento. Cada esporte tem as suas regras próprias e suas características naturais. Os que julgam essas exigências muito limitadoras dizem que elas não passam de uma convenção social; bem, se aprouve à sociedade convencionar assim, então é assim que os atletas se devem portar, ao menos dentro das instituições sociais oficiais de cada esporte. No caso do campeonato brasileiro, falamos da CBF. O futebol tradicional pode até ser hipócrita; isso, no entanto, não torna menos injusto que um jogador do Palmeiras meta a mão na bola, dentro da área, para impedir uma jogada perigosa do Sport.

Foto: Torcedores

Há quem diga que o futevôlei já existe há muito tempo. Bom, primeiramente, futevôlei não é bem futebol jogado com as mãos (este é mais o handebol), senão vôlei com os pés: o objetivo dele é impedir a bola de cair no chão, e não desviar a trajetória da bola metendo-lhe a mão -- mas isso é uma tecnicidade. Segundamente, futevôlei é futevôlei e futebol é futebol; ora, a quem interessa obscurecer as diferenças entre os dois esportes senão aos maus jogadores de um e de outro lado? O futebol será cada vez menos futebol, e o voleibol, cada vez menos voleibol, e o futevôlei, cada vez menos futevôlei, se as regras de um puderem ser indistintamente aplicadas a todos os outros. Quem defende o fim das regras no fundo não gosta de vôlei, de futebol, de basquete, de esporte nenhum. Fazer com que os esportes não tenham regras próprias é acabar com os esportes. Só um perna-de-pau não vê isso.

Para concluir aqui: sempre houve comportamento desviante no futebol, é óbvio. Mas era motivo de vergonha e não de orgulho. Sempre existiu aquele lateral com tendências de lutador de MMA, aquele zagueiro com jeitinho de jogador de vôlei. Não dá para o evitar. Permitir que isso aconteça, no entanto, na cara dura, sob as barbas do juiz, filmado e televisionado, transformado em GIF e em meme, aí já é demais. O zagueiro do Palmeiras metendo a mão na bola, dentro da área, em rede nacional, é mais do que um atleta inconformado dando vazão às suas tendências esportivas íntimas que sempre foram reprimidas sob a opressão de árbitros rígidos e moralistas. Não. Mina, de cabeça e braço erguidos, metendo despudoradamente a mão na bola diante do mundo, é o arauto da desmoralização do futebol, o profeta inconsequente do seu fim. O orgulho do zagueiro alviverde é a vergonha do futebol tradicional.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

O Leão de verdade, o verdadeiro rubro-negro

Um a zero pode parecer um placar monótono à primeira vista; às vezes, no entanto, é prudente olhar melhor. Grandes perfumes podem estar contidos em pequenos frascos, e grandes vitórias por vezes podem se esconder em placares apertados. 

Foto: Blog do Torcedor

Quem examinar com mais atenção o Sport x Vitória de ontem à noite pode se surpreender com o que vai descobrir. Em uma palavra, o Sport jogou com raça porque só lhe interessava a vitória. Pouco antes o Flamengo perdera do Internacional; o velho Urubu, arremedo de rubro-negro, não conseguiu segurar nem mesmo o Colorado que passou praticamente o campeonato inteiro na sarjeta. Pior: perdeu de virada. O Internacional deu, neste jogo, a demonstração de coragem e valentia que não dera no campeonato inteiro. Se é coisa estranha um vice-líder perder para um time do Z4, ainda pior é perder após ter estado ganhando. E pior, mil vezes pior, é sofrer uma derrota assim, bruta e avassaladora, humilhante e embaraçosa, enquanto ostentava em campo o uniforme vermelho e preto que o Sport, com seu uso, glorificou e tornou sagrado. O Flamengo emporcalhou a camisa rubro-negra; cumpria então ao Leão da Ilha salvar-lhe a honra.

E assim o fez. Sim, o motivo da vitória do Sport -- da vitória colossal e retumbante que o fez saltar três posições na tabela -- não esteve tanto na imperiosa necessidade de vencer, uma vez que a derrota o lançaria em uma humilhante décima-sétima posição. Não esteve tanto no clamor da torcida, que com generosidade, com ânimo, com paixão, compareceu em peso à Ilha do Retiro para empurrar o time pra frente. Não esteve tampouco no empenho de Daniel Paulista, cuja estréia não lhe poderia ser mais favorável. Nada disso. O verdadeiro motivo da vitória do Glorioso, senhoras e senhores, foi este: o sagrado manto rubro-negro havia sido ultrajado pela pelada que jogou o Flamengo, e oferecer-lhe um desagravo era questão básica de justiça. A coisa pedia, exigia, clamava uma satisfação. 

E não importava, naquele momento, nada. Não interessava desapontar ou alegrar a torcida; não fazia diferença o técnico começar com o pé direito ou com o pé esquerdo. Não importava nem mesmo a posição que o Sport passaria a ocupar na tabela do campeonato. A única coisa que importava, naquele momento tenebroso, naquele jogo fatídico, era reparar a ofensa que o urubu carioca recém fizera ao uniforme rubro-negro. O Flamengo arrastara na lama o vermelho e o preto; o Sport precisava, assim, fazê-lo tremeluzir, imponente, rútilo, nas alturas.

E o fez com maestria e classe, contando tanto com a habilidade dos seus jogadores quanto com a cumplicidade dos seres cósmicos. Porque não bastou Diego Souza fazer um golaço logo no início do jogo; foi também necessário fechar o gol rubro-negro, impiedosamente alvejado por não apenas um, mas dois pênaltis seguidos. Marcados com menos de cinco minutos de distância entre um e outro. Nunca se viram duas penalidades máximas favoráveis ao mesmo time tão próximas entre si. Mas mais que isso: nunca se viu um gol permanecer tão incólume, tão impávido e inexpugnável, tão íntegro, tão fechado, após o duplo assalto de dois pênaltis consecutivos.

Zé Love bateu o primeiro pênalti sem contar com Magrão. Não é um simples goleiro, é uma virtuose de deixar boquiabertos os que se encontram diante dele. O pênalti foi batido com categoria, com habilidade, com precisão; muito mais preciso, no entanto, muito mais habilidoso e categórico foi o goleiro do Sport, que mergulhou para preservar a rede rubro-negra de uma forma que ninguém acreditou que pudesse ser possível. O segundo pênalti ficou sob a responsabilidade de Kieza; contra este levantaram-se até mesmo as próprias estruturas da Ilha do Retiro, como se o campo mesmo tomasse sobre si o encargo de manter inviolado o gol rubro-negro. A trave impediu a bola de Kieza de entrar; e se acaso a trave falhasse, já Magrão estava lá, voando em direção à bola, preparado para não a deixar passar nem mesmo sobre o seu cadáver monumental. Nem a primeira bola nem a segunda entrou, e dali até o fim do jogo nenhuma outra teve sequer esperanças de lograr êxito onde dois chutes tão avantajados sofreram tão fragoroso fracasso. 

E a vitória assim se impôs. O Sport vitorioso sobre o Vitória, cujo nome não lhe serviu naquela noite. Apenas um Leão é o verdadeiro rei, e o Glorioso soube fazer valer a sua majestade sobre o falso rei baiano. E principalmente, principalmente!, o uniforme rubro-negro foi honrado, glorificado, tratado com o respeito que merece. Vencendo o Vitória, o Sport mostrou ser o Leão de verdade; vingando a derrota do Flamengo, provou ser o verdadeiro rubro-negro. 

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Um esporte de equipe

O futebol é um esporte de equipe. Não se fala aqui, porém, apenas do time formado pelos onze jogadores em campo; a equipe é muito mais ampla e inclui outras figuras, outros personagens, uns mais evidentes, outros mais ocultos, todos, porém, que cooperam, implícita ou explicitamente, para o resultado final. São vários os atores que, em união, em harmonia, em sincronia, cooperam para que o time jogue bem ou jogue mal, ganhe ou perca, honre o manto do clube ou o envergonhe.

Há sem dúvidas o elenco, que é quem joga os jogos, quem entra no campo para trabalhar a bola. Mas há também a equipe técnica, que prepara o elenco, que o mantém em forma, capacitado para as lides esportivas -- em última análise, para fazer gols e não os levar. Há a torcida, que empurra o time para frente, que lhe dá o ânimo necessário para completar o que falta à habilidade com a bola: todo mundo sabe que o futebol exige mais do que a simples capacidade técnica, a pura habilidade física dos craques. O futebol não é e nem nunca foi função direta do nível dos jogadores, e é isso que o torna tão fascinante. O futebol é como a vida: às vezes fazemos tudo certo e as coisas dão errado, ao passo em que às vezes, mesmo no auge do nosso desleixo, parece que o Universo conspira por nós e as coisas acontecem em nosso favor.

E há, claro, além de tudo isso, a moral do time, a sua história, o seu simbolismo. E no caso do Sport esse aspecto adquire o primor de uma obra de arte. É o respeito obsequioso que a mera menção ao seu nome evoca. É o frio na barriga e o temor que o adversário sente ao vê-lo entrar em campo. É o pânico provocado pelo grito de guerra da torcida. É, em suma, a própria força, aliás, bruta e sobre-humana, que exala do uniforme rubro-negro, de um padrão ao qual já se impregnaram o suor e o sangue, a adrenalina e a testosterona de tantos jogadores que, ao longo dos anos, degrau a degrau, conduziram o Glorioso aos patamares elevados do alto dos quais ele hoje pode olhar para seus adversários de cima pra baixo. Sim, a camisa rubro-negra é por si só um talismã: ela é envolta dessa aura mágica que resplandece em torno aos heróis nos quadros de cavalaria.

Se o nome do time não falta e não pode nunca faltar, o que explica os maus resultados do Sport? São vários os personagens, eu dizia, que cooperam para o resultado das partidas: e para que a vantagem conferida pelo sagrado manto rubro-negro não seja eficaz os outros atores precisam fazer um esforço muito grande para conseguir sabotar o time. 

Primeiro o elenco. Não o digo tanto desestimulado, porque estímulo maior não há do que a honra de envergar em campo as cores do Leão; mas despreparado, sim, uma vez que, ao que parece, os jogadores não estão aptos a realizar os feitos de que o time hoje precisa. A camisa não joga sozinha; verdade seja dita, parece até que ela tem feito isso nos últimos jogos, mas até para o mítico padrão rubro-negro há limites. Os jogadores também precisam ajudar um pouco.

Depois o técnico. Ele não se entende com a torcida e nem com o time; essa semana mesmo noticiou-se a sua saída, aparentemente para treinar algum time paulista. Ora, como pode o treinador dedicar-se ao time daqui se já se prepara para assumir o time de lá? E até outra: se ele não dá conta de preparar o time que já conhece, com o qual já trabalha, o que leva a crer que será capaz de pôr em forma o que só vai conhecer agora? Sem uma liderança firme até os melhores acumulam malogros. Até Tróia caiu pela fraqueza de Príamos, a despeito da solidez inexpugnável de suas muralhas.



E há por fim a torcida -- será que há? Onde está a torcida? Onde estão os dezoito milhões de rubro-negros? Onde está a força dos torcedores, historicamente responsáveis por carregar o time contra todas as adversidades, tradicionalmente capazes de empurrar o elenco para as vitórias mais difíceis? Porque os campos têm se mostrado verdadeiros desertos. Vez por outra uma grande bola de feno é vista, melancolicamente, rolando pelas arquibancadas. São mil torcedores, dois mil gatos pingados -- o que é isso? Como é possível que o time jogue se ninguém o vê jogar? Como é possível que o time faça uma boa apresentação se não há espectadores para os quais apresentar?

O futebol é um esporte de equipe e cada um tem que fazer a sua parte. Os jogadores têm que jogar melhor do que vêm jogado até agora; a equipe técnica tem que treinar os jogadores com mais qualidade do que tem feito até então; e a torcida precisa torcer melhor do que vem torcido. Basta isso. Porque a camisa, senhoras e senhores, o sagrado manto rubro-negro, é o único que já vem fazendo tudo o que precisa. É quase como se fosse ele a carregar sozinho o time nas costas. O vermelho e o preto do uniforme já estão fazendo a sua parte: e, em todo jogo, antes de qualquer má apresentação, o padrão rubro-negro, sozinho, já reveste os jogadores do Sport de uma aura de campeões.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

O valor do placar final

Será o futebol um esporte de resultados ou de apresentação? Valerá mais a busca fria, mecânica, matemática e férrea do placar final ou, antes, deverá um grande time de futebol esforçar-se por fazer bonito, por encher os olhos dos espectadores, por assenhorear-se do campo e portar-se, nele, como se estivesse na própria casa?

Ora, o resultado é sem dúvidas importante. É o resultado que conta pontos na tabela, que abre ao time o acesso aos estágios mais avançados das competições, é o placar final, em suma, que determina praticamente tudo. Mas não se pode cair na tentação fácil de imaginar que o resultado deva ser buscado a qualquer preço, ao sacrifício da beleza e do espetáculo. É preciso ganhar sim, mas é preciso também ganhar bonito. E vou até mais além: há certas situações em que mais vale preocupar-se com a beleza do jogo do que com a vitória. Afinal de contas é futebol, e não Olimpíadas de Matemática.

Veja-se o Sport, ou melhor, vejam-se dois jogos recentes do Sport. O primeiro deles contra o Coritiba, na Ilha do Retiro. O Coxa abriu o placar ainda no primeiro tempo, em um lance de sorte, em uma jogada nojenta. Abriu o placar e, naquele gol mal feito, julgou já ter cumprido as suas obrigações futebolísticas. O que se viu na etapa complementar, então, foi um espetáculo patético. O time visitante fechou-se como uma seita. Pareciam haver não vinte, mas duzentos jogadores na retranca do Coritiba. Um observador desavisado poderia sair com a impressão de que havia mais camisas do Coxa na área de defesa do que nas arquibancadas do estádio, e sua impressão não estaria muito longe da verdade.

O Coritiba saiu com a vitória -- mas a que preço? O de ter dado aquele espetáculo maçante no segundo tempo? O de ter praticamente impedido o jogo com seus chutes para longe, seus toques de lado, suas bolas recuadas? Muitos espectadores que sofriam de insônia devem àquela partida uma melhora súbita na sua condição: o jogo estava tão monótono que os torcedores adormeciam nas arquibancadas. Um deles quase chegou a cair. Foi uma coisa verdadeiramente lamentável; se os campeonatos fossem mais organizados, um time responsável por esta atitude antidesportiva corria o risco de ser sumariamente eliminado da competição. Afinal, recusar-se a jogar é também uma forma de não querer competir.

Veja-se, agora, o extremo contrário. O Glorioso jogou anteontem contra o Fluminense. Abriu o placar logo no início do jogo, aos dez minutos do primeiro tempo. Um time pequeno teria aproveitado a oportunidade para se retrancar completamente; um elenco que não tivesse amor próprio poderia ter, naquele mesmo momento, recuado trinta e três jogadores e transformado a área rubro-negra em uma feira intransitável, em um congestionamento de pernas e corpos onde não se anda e muito menos se joga.

Foto: Blog do torcedor

Mas o Sport tem um nome a defender e uma reputação a zelar. O Sport fez um gol e não recuou; ao contrário, lançou-se para cima do Fluminense com uma ferocidade raras vezes vista. Nem parecia que o time carioca tinha mando de campo: o Leão estava tão senhor de si como se estivesse em plena floresta -- e os tricolores, desbaratados, olhavam de um lado para o outro sem conseguir acompanhar os movimentos mortíferos do Leão. Aquilo foi um verdadeiro passeio. Com uma segurança de campeão, os passes milimétricos, o contra-ataque fulminante, os chutes precisos: a verdade é que o Fluminense praticamente não jogou naquele primeiro tempo. Foi só sufoco e olé: o Leão, majestoso, encarava o adversário de alto a baixo, impondo o terror e reinando absoluto.

Que importa que no segundo tempo o time da casa tenha conseguido reagir? Deveria porventura o Leão ter agido como o velho Coxa e, após o primeiro gol, ter se fechado na retranca absoluta? O Coritiba pode ter ganho fora de casa; mas só o Glorioso ousou jogar no campo adversário, jogar com desenvoltura e ousadia, jogar o futebol que apenas os grandes times são capazes de jogar. Um time ganhou sem jogar; o outro, jogou sem ganhar. A situação do Glorioso é bem melhor. Por não ter sacrificado a própria honra, a tabela do campeonato haverá de reconhecer o valor do Sport -- e haverá de lhe recompensar à altura.